Hoje, com toda a Igreja, celebramos a Natividade de Nossa Senhora, ou seja, queremos louvar e bendizer a Deus pela Encarnação do Seu Filho que, assumindo nossa humanidade, nos salva verdadeiramente do pecado e da morte; após esse evento, – por meio da Paixão, Morte e Ressurreição de Nosso Senhor Jesus – o pecado e a morte não possuem mais a última palavra na vida de todo ser humano.
Todavia, para isso, Deus quis contar com uma pessoa, uma criatura, que pudesse vir ao mundo; veja, o Altíssimo quis precisar dela, pois essencialmente, Ele não precisa de nada e nunca precisou, pois é Deus. A Encarnação de Cristo, por meio de uma mulher, foi a forma mais viável, agradável e querida pela Trindade Santa. Sendo assim, Deus Pai quis contar com uma mulher para ser a Mãe de Seu Filho: a Santíssima Virgem Maria.
Por causa da missão – não por ser maior ou menor que qualquer outra criatura – a Virgem Maria é considerada em si mesma e no lugar que ocupa na história da salvação como a escolhida para ser a Mãe de Deus e Mãe de todos os homens. Por essa razão, o Todo-poderoso dotou-a de prerrogativas especiais e únicas, de acordo com a missão para a qual ela fora destinada, ou seja: a)criatura única e irrepetível; b) ocupa lugar único na história da salvação; c) maternidade divina; d) maternidade do gênero humano; e) perfeição de Maria.
Todavia, nesta liturgia de hoje, também somos convidados a agradecer à pessoa de Maria, nossa Mãe, por tão grande amor à humanidade aceitando a missão dada pelo Pai de ser a Mãe do Redentor e, por isso, é corredentora. E em que sentido Nossa Senhora é corredentora? Maria é corredentora na obra da salvação, da redenção de Deus, pois pela maternidade divina tem uma ação conjunta, mas subordinada a Cristo redentor. Sua corredenção corresponde à sua maternidade física a Cristo e mística aos cristãos.
Por sua maternidade divina, a Virgem Maria participa de maneira subordinada na função mediadora de Cristo, participa como intercessora; daí os títulos atribuídos a ela: Advogada, Auxiliadora, Onipotência Suplicante e Mediadora. Mediadora, refere-se a multiforme intercessão de Maria, por se distinguir dos demais por sua maternidade, tendo uma intercessão única e singularmente eficaz.
Em Maria aprendemos algumas características fundamentais para que nossa vida atinja a santidade tão querida e desejada por Deus. Ela é modelo de Igreja, ou seja, no exemplo da Mãe de Jesus e nossa, aprendemos como chegar à vontade de Cristo, a santidade perfeita. A Virgem Santíssima é a mulher do silêncio, guardava tudo em seu coração e sempre se perguntava e perguntava ao Pai qual seria o ensinamento que ela precisava adquirir frente a tudo que acontecia. Não murmurava nem se queixava pelos reveses da vida, mas procurava ver o que Deus Pai queria ensinar-lhe e falar-lhe, independentemente do que vinha a acontecer. Maria é a mulher do olhar unifocal, ou seja, tinha olhar somente para Deus e à Sua santa vontade.
Nossa Senhora nos ensina a ver a vida não “a partir” do sofrimento, das cruzes, mas “além” do sofrimento, das cruzes… numa profunda confiança no Pai. Maria é a mulher atenta, serviçal, aquela que está sempre pronta para servir; serviço este cuja essência não é fazer algo, mas ser, ou seja, ser portadora do mistério e levar outros a saborear o mistério que é Deus por excelência. A Santíssima Virgem Maria, quando vai à casa de Isabel, vai para levar o mistério àquela mulher que está sedenta de Deus. Quando ela chega, aonde chega, tudo se estremece – como o seio de Isabel – pois está chegando, na verdade, o mistério contido nela.
Que possamos, como a Virgem Maria, ser portadores e anunciadores – com o testemunho de vida – do mistério, que é Jesus Cristo, na vida das pessoas, especialmente àqueles que mais sofrem.
Homilia de: Padre Pacheco - Comunidade Canção Nova
Adalberto Lima
Vocacionado Diocesano
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