O episódio da transfiguração de Jesus (Mc 9,2-10) deixa a mensagem que São Paulo em plenitude viveu, tendo podido asseverar: "Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. (Gl 2,20). Trata-se da metamorfose do cristão no modelo divino. Imitação perfeita do Filho de Deus, cujo conhecimento não deve ser meramente especulativo e cujo amor tão pouco não pode ser apenas afetivo. Tanto a ciência cristológica como a dileção ao Redentor necessitam estar unidos às obras nas quais se reflete a personalidade de cada um. Conhecimento prático, amor operativo. Ele é a causa eficiente da regeneração do batizado e a causa exemplar de sua santificação, modelo de todos os que se dizem seus discípulos.
Cristo se fez um modelo acessível e atraente, perfeito e abrangente. Os cristãos podem transfigurar sua vida se identificando com Ele: pobres, ricos, sábios e ignaros e isto em qualquer circunstância dado que Ele a todos resgatou, deu a vida sobrenatural e lhes comunica seus dons celestiais. Ele manifesta uma ética geral e uma disciplina universal de conduta para que se proceda como Ele obrava, para que se viva como Ele vivia, para que se sofra como Ele sofria. Ele quer se fazer presente no mundo através de seus epígonos. O Apóstolo dizia: “Sede meus imitadores como eu o sou de Cristo” (1 Cor 4,16). Deste modo o fiel se torna a imagem viva do seu Senhor.
De tanto ser repetido o lema cunhado na Idade Média “Christianus alter Christus”- o cristão é outro Cristo perdeu a sua força, mas a cena da transfiguração no monte Tabor revigora esta expressão que cumpre seja sempre verídica. Isto foi uma realidade faustosa para os santos de todos os tempos. Tal deveria ser a vida de cada um que se pudesse dele dizer: “Só de o ver pensa-se em Jesus Cristo”! É que na vida toda, interna e externamente, nas relações particulares e públicas, em todo lugar e em todo tempo, o cristão deve ter presente o divino exemplar. Esta foi a ordem do Pai: “Este é o meu Filho amado, escutai o que Ele diz”.
Eis o que falou Jesus: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração (Mt 11,29); bem-aventurados os pobres de espírito, os puros, os pacíficos, os misericordioso, os que têm fome e sede de justiça, os perseguidos por causa do reino dos céus (Mt 5,1-10); sede perfeitos como o Pai celeste é perfeito (Mt 5,48). Em síntese, quando reza, estuda, trabalha, se ocupa com qualquer coisa, o cristão precisa tudo fazer por Cristo, com Cristo e para Cristo.Jesus sempre presente nas palavras, nas obras, no coração e na mente de cada um.
Cristo o ideal da vida do batizado, o objeto de suas aspirações, o imã de seus corações. Para isto é cada um se interrogar a cada instante:
1 Que pensaria Jesus neste momento?
2 Como Ele faria esta tarefa?
3 Que quer Ele de mim aqui e agora?
4 Como o posso agradar neste momento?
Dá-se então o vir a ser do fiel no seu Salvador numa total identificação com Ele no gotejar da renúncia de cada minuto. O próprio Cristo afirmou: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 4,14). Não somos o fogo que deve arder nesta terra, mas devemos ser os propagadores de sua chama de amor, dado que Ele é a fornalha ardente de caridade e veio para colocar chama na terra (Lc 12,49).Grandeza e responsabilidade do cristão! Depende de cada um fazer da vida uma interrogação, um chamado sempre suscetível de ser ouvido por todos as testemunhas que o vêem. É imponderável ação de uma alma sobre a outra. É se transfigurando em Cristo que o cristão pode tornar os homens melhores. Com seu exemplo, mesmo sem palavras, o verdadeiro seguidor de Cristo já torna seu irmão melhor. Onde uma pessoa boa, submissa a Deus vive, reza, sofre, trabalha há uma lareira de calor sublime que aquece, arrasta nos eflúvios das mensagens celestes.
Não basta estar cristão, é preciso ser cristão transfigurado no modelo divino!
Fonte: Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho
Nilton de Carvalho
Vocacionado - Diocese de Guarulhos
Perfeitamente Lindo esta Postagem...valew vocionados...um abraço!!!
Bruno!